domingo, 26 de junho de 2011

Asclepio

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A Mimg6edicina racional grega não implicou uma ruptura com as crenças mágico-religiosas, mantendo-se um florescente culto a Asclépio, depois latinizado como Esculápio. Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Como deus solar (não o deus do sol: Hélios), Apolo é também deus da saúde (Alexikakos), devido às propriedades profilácticas do sol. O facto de Apolo ter tirado o filho do ventre da mãe no momento em que esta se encontrava na pira funerária, confere-lhe o simbolismo de deus da medicina logo à nascença: a vitória da vida sobre a morte. A arte da medicina foi-lhe ensinada pelo centauro Quirón e uma serpente ensinou-lhe como usar uma certa planta para dar vida aos mortos. Acusado de diminuir o número dos mortos, Asclépio foi morto por um raio de Zeus. Esta saga heróica, cantada pelo poeta Píndaro (ca. 522-443 a.C.), traduziu-se depois na deificação de Asclépio, transformado em Deus e tornado imortal por vontade divina. O seu culto terá começado em Epidauro, mas também existiam templos ou santuários (asklépieia) em outros locais, como Kos, Knidos e Pérgamo, onde os sacerdotes se dedicavam à cura de doentes. Asclépio é representado com o caduceu, bastão com uma serpente enrolada. Dos filhos de Asclépio e de Epione são particularmente importantes Panaceia e principalmente Higeia, a qual foi intimamente associada ao culto a seu pai. A cura nos templos de Asclépio era feita através da incubatio, que consistia em os doentes passarem a noite no templo, normalmente em grupo, onde eram visitados individualmente pelo deus no seus sonhos. Este curava-os dando-lhes indicações a seguir no seu tratamento ou praticando um milagre, que tomava a forma de uma administração de medicamentos ou de um acto cirúrgico, praticado pelo próprio deus. O enorme número de pedras votivas encontradas nas imediações dos templos, agradecendo a intervenção e a cura dos deuses, mostra que a crença no seu culto era muito difundida e foi muito persistente no tempo. Também é interessante referir que as pedras votivas referem diferentes intervenções de Asclépio em diversos períodos. Assim, nas pedras encontradas em Epidauro e datando do Séc. IV a.C., a intervenção de Asclépio é feita prestando directamente cuidados curativos, enquanto nas de Pérgamo, datando do Séc. II d.C., ele se limitava a indicar qual a prescrição a ser seguida pelo doente quando saísse do templo. A ausência de incompatibilidade entre a medicina racional grega e o culto de Asclépio é atestada pelo facto de este ser geralmente considerado o patrono dos médicos, um papel que seria anterior ao da difusão do seu culto como deus. O próprio juramento de Hipócrates se inicia com a invocação aos deuses: ``Juro por Apolo médico, por Asclépio, por Higeia e Panaceia, por todos os deuses e deusas, fazendo-os minhas testemunhas, que eu cumprirei inteiramente este juramento de acordo com as minhas capacidades e discernimento''[7]. O voto de pureza[*] do juramento é também uma estatuição presente numa inscrição epigráfica em Epidauro: ``Puro deve ser aquele que entra neste fragrante templo''

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