sábado, 21 de janeiro de 2012

La pareja unida – Malla Kalyana


vittal

Dios Pandurang


Como nunca se escribió un libro que evite la separación de la pareja casada y le enseñe el modo de vivir unida, he redactado este tratado y se lo ofrecí al dios Pandurang. La razón primordial para la separación de la pareja casada, y la causa que conduce al esposo a los brazos de otras mujeres, y a la esposa a los de otros hombres, es la necesidad de la variedad en el placer y la monotonía que sigue a la posesión. Sobre esto no hay duda. La monotonía sólo conduce a la saciedad, y la saciedad a sentir desagrado por la unión sexual. Y esto vale tanto para la mujer como para el hombre. De estas situaciones, brotan sentimientos maliciosos. El esposo o la esposa cede a la tentación y el otro lo imita, impulsado por los celos. No es frecuente que ambos se amen y desean con intensidad semejante, por los que uno se deja seducir por la pasión con mayor facilidad que el otro. Las separaciones generan poligamia, adulterios, abortos y toda suerte de vicios; cuando esto sucede no son sólo el esposo y la esposa extraviados quienes se deslizan al abismo. Arrastran con ellos los nombres de sus antepasados difuntos del sitio de los mortales elegidos al infierno o de regreso a este mundo.
Consciente de las causas que suscitan estas querellas, he escrito este libro para mostrar cómo el esposo, mediante la variedad en el goce de su


esposa, puede vivir con ella como treinta y dos mujeres diferentes, cambiando siempre de procedimientos para hacer imposible la saciedad. También he indicado con precisión toda clase de misterios y artes útiles para que ella pueda presentarse ante los ojos de él: pura, hermosa y placentera. Permítaseme por tanto concluir con un versículo de bendición: «Amen, hombre y mujer, este tratado: Ananga Ranga, y el amor perdurará mientras el sagrado Ganges maneplacido de Shiva, con su esposa Gauri sentada a su izquierda; y mientras Lakshmi ame a Vishnú, mientras Brahma siga consagrado al estudio de los Vedas; y mientras existan la Tierra, la Luna y el Sol.» Puedo aún vibrar con su lujuria y su ritmo.. oh, su ritmo, ese placer desatado... Conservo en mi piel su ardor infinito. ¡Cómo bebí de sus labios las perlas de gozo! Tuve que sujetar mi pasión ante la redondez de sus pechos, briosos corceles rosados. Pero para qué seguir hablando si aún la llevo en mi piel.

 

Ananga Ranga

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

MULADARA– Ᾱdhāra Lótus–Chakra Basico– SHAT CAKRA NIRAAPANA

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VERSO 4
Agora chegamos ao Ᾱdhāra Lótus 70. Ele está junto à boca de Sushumnā, e é colocado abaixo dos genitais e acima do ânus. Ele tem quatro pétalas de tom carmesim. Sua cabeça (boca) pende para baixo. Sobre suas pétalas estão quatro letras de Va a Sa, de brilhante cor de ouro.
65 – Porque, de acordo com Vishvanātha, Ela goteja néctar e, portanto, contém todos os tipos de bem-aventurança. Shankara diz que isto também é capaz da interpretação “é a bem aventurança para todos”.
66 – Sva-bhāva é interpretado por Kālīcharana como da natureza de alguém. Shankara interpreta a palavra como significando Jnāna, que é o Paramātma, ou, em outras palavras, o Jnāna divino ou espiritual. De acordo co Shankara, a leitura é Shuddha-bhāva-svabhāvā.
67 – Porta de Brahman.
68 – Sāmarasya, um termo que normalmente é aplicado na união sexual (Stripumyogāt yat saukyam tat sāmarasyam) – aqui e em outro lugar, claro, usado simbolicamente.
69 – A raiz de todas as Nādīs; veja verso I, ante.
70 – Ou seja, Mūlādhāra chakra, assim chamado por ser a raiz dos seis chakras; veja verso 12, post.


COMENTÁRIO
Depois de ter descrito as Nādīs, o Autor descreve o Mūlādhāra Chakra em detalhes nos nove versos, iniciando com o presente.
“Ele está junto à boca de Sushumnā” (Sushumnāsyalagnam). As pétalas 71 estão nos quatro lados do local onde o Kanda 72 e Sushumnā se encontram.
“Abaixo dos genitais e acima do ânus” (Dhvajādhogudorddhvam) – Abaixo da raiz dos genitais para Sushumnā.
“Quatro pétalas de tom carmesim” (Chatuh-shonapatram) – As quatro pétalas são da cor vermelha. Shona é a cor carmesim do lótus vermelho.
“Nestas pétalas estão as quatro letras de Va a Sa” (Vakārādisāntairyutam veda 73 – varnaih) – As quatro letras são Va, Sha (palatal), Sha (cerebral) e Sa 74. Em cada uma das pétalas dos seis Lótus, as letras do alfabeto devem ser meditadas, indo em torno de um circulo para a direita (Dakshināvartena). Cf. Vishvasāra Tantra: “As pétalas dos Lótus são conhecidas por conter as letras do alfabeto, e devem ser meditadas como escritas, em um circulo da direita para a esquerda”.


VERSO 5
Neste (Lótus) na região quadrangular (Chakra) de Prithivī 75, rodeado por oito lanças brilhantes 76. Ele é de uma brilhante cor amarela 77 e belo como o relâmpago, assim como também o é o Bīja de Dharā 78 que está dentro dele.
71 – Veja Introdução.
72 – Verso da página 7, anterior.
73 – Veda-varna: Veda cita “quatro”. Existem quatro Vedas e o instruído usa algumas vezes a palavra Veda para indicar quatro – ou seja, o número de Vedas.
74 – Veja Introdução.
75 – Elemento terra, que é a daquele Chakra. A forma deste tattva é um quadrado.
76 – O Ashtashūla é mostrado como a figura abaixo:
77 – A cor do elemento terra, que governa neste Chakra. Cada Tattva se manifesta com forma, cor e ação de sua vibração específica.
78 – Ou seja, o Bīja de Prithivī, o Tattva terra, ou “Lang”. Veja a Introdução.


COMENTÁRIO
No pericarpo deste Lótus na região quadrangular de Prithivī, que é descrito em detalhes. Nos oito lados do quadrado estão as oito lanças brilhantes. A região é da cor amarela.
Cf. “Oh, Tu de discurso doce, No Mūlādhāra está a região de quatro cantos de Dharā, de cor amarela e rodeada pelas oito lanças (Shūla) como Kulāchalas”.
Kulāchalas é interpretado por alguns como o seio de uma mulher. De acordo com este ponto de vista, as pontas destas lanças são semelhantes à forma dos seios de uma mulher. Outros compreende nesta expressão as sete Montanhas Kula 79.
Cf. Nirvāna Tantra: “Oh, Devī, as sete Montanhas Kula, ou seja, Nīlāchala, Mandara, Chandra-sekhara, Himālaya, Suvela, Malaya e Suparvata – habitam nos quatro cantos”. De acordo com esta noção, as oito lanças são semelhantes às sete Montanhas Kula sobre a Terra.
“Dentro de” (Tad-anke) – Na região da Prithivī (Dhāra mandala) está o Bīja da Terra – ou seja, “Lang”. Este Bīja também é da cor amarela. A frase “brilhante cor amarela” (Lasat-pīta-varna) também descreve o Bīja. Assim foi dito:
“Dentro dele está Aindra Bīja (Bīja de Indra) 80, de cor amarela, possuído de quatro braços, segurando o trovão em uma mão, poderosamente 81 e sentado sobre o elefante Airāvata 82”.
79 – Mahendro Malayah Sahyah Shuktimān Rikshaparvatah
Vindhyash cha Pāripātrash cha saptaite kulaparvatāh.
(Citado no Shabdastomamahānidhi). Alguns leem Pāriputrah no lugar de Paripātrah. Shankara diz que as lanças aqui são porque o Chakra é habitado pela Dākinī que uma das grandes Bhairavīs.
80 – O Bīja de Indra e o Bīja da Terra são os mesmos, “Lang”.
81 – Māhā-bāhu, “possuído de grande braços longos – símbolo de valentia. Cf. Ᾱjānu-lambita-bāhu (braços alcançando os joelhos).
82 – O elefante de Indra. Este e outros animais figurados nos Chakras, indicam ambas as qualidades de Tattva e o veículos (Vāhana) do Devatā do Chakra. Veja Introdução.


VERSO 6
Ornamentado com quatro braços 83 e montado sobre o Rei dos Elefantes 84, Ele leva sobre Seu colo 85 o filho Criador, resplandecente como o Sol nascente, que tem quatro braços lustrosos, e a riqueza de cuja face de lótus é quadrupla 86.

COMENTÁRIO
Este é o Dhyāna do Dharā Bīja. O Bīja do Dharā, ou Prithivī, é idêntico ao de Indra.
“Sobre seu colo” (Tad-anke) – ou seja, no colo do Dharā Bīja. O sentido deste verso é que o Criador Brahmā habita no colo do Dharā Bīja. Por “anka” (colo) deve-se entender o espaço dentro do Bindu, ou Dharā Bīja. Cf. “No Mūlādhāra está o Dharā Bīja, e em seu Bindu habita Brahmā, a imagem de um Filho, e o Rei dos Imortais 87 está montado sobre um Elefante”.
A passagem acima citada é instada significando “o Rei dos Imortais está no colo do Dharā Bīja”. Mas, de acordo com nosso ponto de vista, como o Dharā Bīja e Indra Bīja são os mesmo, sua identidade está aqui citada, pois é dito também, “as letras do Mantra são o Devatā, o Devatā está na forma do Mantra (Mantra-rūpinī)”.
Também cf. Nirvāna Tantra: “Oh, Bela, o Indra Bīja está abaixo dos genitais. O mais perfeito e belo habitante de Brahma está acima do Nāda, e lá habita Brahmā, o Criador 88, o Senhor das criaturas 89”.
Por “acima de Nāda” nesta passagem, devemos compreender que a morada de Brahmā está dentro do Bindu, que está acima do Nāda. Alguns leem “à esquerda dos genitais”, e assim existe uma opinião diferente. O Shāradā diz que os Ᾱdhāras são vários, de acordo com diferentes ponto de vistas.
“Quatro braços lustrosos” (Lasad-veda90–bāhu) – Alguns interpretam a palavra composta no Sânscrito como significando “em cujos braços brilham os quatro Vedas, Sāma e outros”, assim pensando de Brahmā como possuindo somente dois braços. Mas Brahmā não é descrito, em lugar algum, como segurando os Vedas em suas mãos, e que deve-se meditar Nele como tendo quatro braços está claramente colocado na seguinte passagem no Bhūta-shuddhi Tantra:
“Saiba, Oh Shivā, que neste colo está o Brahmā de quatro braços, filho de cor vermelha 91, que tem quatro faces e está sentado sobre as costas de um cisne 92”.
83 – Estas duas frases adjetivas qualificam Dharā Bīja.
84 – Airāvata.
85 – Ou seja, o Bindu do Bīja (Dharā), ou “Lam”. Isto está explicado, post.
86 – Brahmā é representado com quatro cabeças.
87 – Ou seja, Indra Deva.
88 – Srishtikartā.
89 – Prajā-pati.
90 – Veda é usado para significar “quatro”, existem quatro Vedas.
91 – Ou seja, Hiranya-garbha.
92 – Hamsa, ou, como alguns dizem, ganso ou flamingo. Veja “Guirlanda de Letras”, de Woodroffe, página 155.
“A riqueza de cuja face de lótus é quadrupla” (Mukhāmbhojalakshmīh chatur-bhāga-bhedah) – Por isto deve-se entender que Brahmā tem quatro faces.
Alguns lêem a passagem como “Chatur-bhāgaveda”; assim lido, o significado é praticamente o mesmo. Se o texto Sânscrito é lido como “Mukhāmbhoja-lakshmī-chatur-bhāgaveda”, o significado deve ser, “os quatro Vedas diferentes enaltecem a beleza de sua face de lótus 93”.
Como oposto à opinião de que Brahmā segura os quatro Vedas em seus braços, o Vishva-sāra Tantra no Brāhmīdhyāna diz: “Meditar sobre Brāhmī (Shakti) como na cor vermelha e trajando-se com a pele de um antílope negro, e com a vara 94, a cabaça 95, o rosário de contas de Rudrāksha 96, e fazendo o gesto que dissipa o medo 97”. E no Saptashatī Stotra 98 está escrito que Shiva e Shakti devem ser meditados como tendo as mesmas armas.
Também cf. Yānala: “A Adi-Mūrti 99 deve ser meditada como fazendo os gestos de dissipação do medo e de concessão de bênçãos 100, bem como segurando o Kundikā 101 e o rosário de peças de Rudrāksha, e adornada com fino ornamento”.
Isto é como Ela deve ser meditada. O restante não necessita de explicação.


VERSO 7
Aqui habita a Devī Dākinī 102; seus quatro braços brilham com beleza, e seus olhos são de um vermelho brilhante. Ela é resplandecente como o brilho de muitos Sóis nascendo ao mesmo tempo 103. Ela é a portadora da revelação da Inteligência sempre pura 104.

COMENTÁRIO
Neste sloka, o Autor fala da presença da Dākinī Shakti no Ᾱdhāra-padma. O sentido deste verso é que a Devī Dākinī habita neste Lótus.
“Ela é a portadora da revelação da Inteligência sempre pura” 105 (Prakāsham vahantī sadā-shuddha-buddheh) – ou seja, ela, Dākinī Shakti, permite ao Yogī adquirir conhecimento do Tattva (Tattva-jnāna). Ao meditar Nela, que é parte da prática do Yoga, o Yogī adquire Tattva-jnāna. Esta Devī é a Divindade que preside esta região.
93 – A alusão é para a crença de que os quatro Vedas vem das quatro bocas de Brahmā.
94 – Danda.
95 – Kamandalu.
96 – Aksha-sūtra.
97 – Ou seja, o Abahya-mudrā. A mão é elevada, a palma sendo mostrada ao espectador. Os quatro dedos estão juntos, e o polegar cruza a palma da mão para o quarto dedo.
98 – Mārkandeya Chandī.
99 – Brāhmī Shakti.
100 – Ou seja, o Varadamudrā, a mão sendo mantida na mesma posição como na nota 8, pg 19, mas com a palma mantida horizontalmente ao invés de verticalmente.
101 – Kamandalu: um vaso com o corpo em forma de cabaça, e alça no topo, usado para carregar água, geralmente pelos ascetas.
102 – Dākinī e outras Shaktis desta classe são, em alguns Tantras, chamadas de Rainhas dos Chakras, e em outros Tantras, as guardiães da porta.
103 – Ou seja, de acordo com Vishvanātha, ela muito vermelha.
104 – Shuddha-buddhi – ou seja, Tattva-jnāna.
105 – Se a palavra “sadā” é lida separadamente de “shuddha-buddhi”, ela então se torna um advérbio qualificando “vahantī” e a passagem deveria, então, significar que “ela sempre transmite a revelação do Conhecimento Divino”.
Cf. “A boca” 106 (o lótus) tem as letras Va, Sha (palatal), Sha (lingual) e As, e é presidido pela Dākinī.
“Dākinī, Rākinī, Lākinī, Kākinī, bem como também Shākinī e Hākinī, são rainhas dos seis Lótus, respectivamente 107”. Em outro lugar é dado Dhyāna de Dākinī assim: “Medite nela, a vermelha, a Dākinī de olhos vermelhos, no Mūlādhāra, que causa terror nos corações dos Pashus 108, que segura nas suas duas mãos direita a Lança 109 e o Khatvānga 110, e nas suas duas mãos esquerda a Espada 111 e uma taça cheia de vinho. Ela é de temperamento feroz e mostra os seus dentes afiados. Ela esmaga toda a tropa de inimigos. Ela tem o corpo roliço, e é amiga do Pāyasānna 112. É assim que ela deve ser meditada por aqueles que desejam a imortalidade”. Em outro lugar ela é descrita como “brilhante com uma Tilaka 113 de vermelhão, seus olhos ornamentados com colírio, vestida de preto (pele de antílope) e coberta com várias joias etc”.
Sobre a autoridade da passagem acima, que ocorre em um Dhyāna da Dākinī, ela deve ser meditada como vestida com a pele de um antílope negro.
Os Devas, Brahmā e outros, devem ser meditados como tendo suas faces para baixo ou para cima, de acordo com o molde da mente (Bhāva) do Sādhaka.
O Shāktānanda-taranginī 114 cita o seguinte em relação ao Māyā Tantra:
“Pārvatī perguntou: Como eles podem estar nos Lótus que têm suas cabeças inclinadas para baixo?
“Mahādeva disse: Os Lótus, Oh Devī, têm suas cabeças em diferentes direções. Na vida da ação 115, eles devem ser imaginados como tendo suas cabeças para baixo, mas no caminho da renúncia 116, eles sempre são meditados como tendo suas cabeças voltadas para cima”.
O restante está claro.
106 – Vaktra. Este é o possível erro de tradução para “Padma” = lótus.
107 – O Shāktānanda-taranginī os coloca em ordem diferente. Veja P.K. edição de Shastrī, pagina 75.
108 – O não iluminado. Veja Introdução do Mahāhirvāna do Autor.
109 – Shūla.
110 – Uma vara encimada por um crânio humano.
111 – Khadga, uma espécie de espada usada no sacrifício dos animais. Alguns leem Kheta.
112 – Uma espécie de pudim de leite feito de arroz cozido no leite com ghee e açúcar.
113 – Aqui a marca usada por uma mulher entre as sobrancelhas mostra que seu marido está vivo – uma marca auspiciosa. O Saubhāgyaratnākara diz que Dākinī mora no Tvak Dhātu.
114 – Capítulo quarto; edição de Prasanna Kumāra Shāstri, paginas 78, 79. A passagem no texto está citada de modo incompleto.
115 – Pravritti-mārga: o caminho de saída como distinto do Nivritti-mārga, ou o caminho de retorno ao Parabrahman.
116 – Nivritti-mārga.


VERSO 8
Junto à boca da Nādi, chamada Vajrā, e no pericarpo (do Ᾱdhāra Lótus), lá constantemente brilha a beleza luminosa e suave, como relâmpago triangular que é Kāmarūpa 117, e que é conhecido como Traipura 118. Há sempre e em toda parte o Vāyu, chamado Kandarpa 119, que é de um profundo vermelho, mais do que a flor Bandhujīva 120, e é o Senhor dos Seres e resplandece como dez milhões de sóis.

COMENTÁRIO
Neste Shloka está descrito o triângulo no pericarpo do Mūla-Chakra.
“Junto à boca da Nādi, chamada Vajrā” (Vjrākhyāvaktradeshe) – A boca de Vajrā está a dois dedos acima de Sushumnā e abaixo da base dos genitais.
“O triângulo conhecido como Traipura” (Trikonam traipurākhyam) – O triângulo é assim chamado por causa da presença da Devī Tripurā com a letra Ka dentro do triângulo, e a letra Ka é a principal letra do Kāmabīja 121.
Cf. Shāktānanda-taranginī 122: “Dentro habita a Devī Sundarī 123, a Paradevatā”.
“Suave” (Komala) – ou seja, oleosa e macia.
“Kāma-rūpa 124”: aquele pelo qual Kāma é a causa de ser sentido – ou seja, ele é Madanāgārātmaka 125.
Cf. “O triângulo deve ser conhecido como a charmosa Shaktipītha”.
Este triângulo está acima do Dharā-vīja. Cf. Sammohana Tantra, falando do Dharā-vīja: “Acima dele (Dharā-vīja) estão as três linhas – Vāmā, Jyeshthā e Raudrī”.
“Kandarpa” – a presença no Trikona do Kandarpavāyu é aqui citado. Ele está em todos os lugares (samantāt) que está estendido através do triângulo.
“Senhor dos Seres” (Jivesha) – Assim chamado porque a continuidade de vida depende de Kāma ou Kandarpa.
117 – Veja comentário, post.
118 – Este triângulo, diz Vishvanātha, citando Gautamīya Tantra, pe Ichchājnānakriyātmaka – ou seja, os poderes da Vontade, do Conhecimento e da Ação. Veja Introdução.
119 – Uma forma de Apāna vāyu. Kandarpa é um nome de Kāma, o Deva do Amor.
120 – Pentapoeles Phoenicea.
121 – Ou seja, é o Mantra “Klīm”; no Tantrarāja, Shiva falando à Devī, diz: “a letra Ka é Tua forma”. O Nityapūjāpaddhati, pagina 80, menciona nesta relação “Kam”, o Vīja de Kāminī. Veja Introdução.
122 – Quando lidando com o Kakāra-tattva, pagina 165, edição de Prasanna Kūmāra Shāstrī.
123 – Sundarī – ou seja, Tripura-sundarī, um nome da Devī. Veja Tantrarāja (Textos Tāntricos, VIII, Capítulo 4-6).
124 – Shankara define isto como “a corporificação do desejo do devoto” (Bhaktābhilāsha-svarūpam).
125 – Câmara da Madana (Deva do Amor) – a Yoni.
Diz-se que “Na região Kanda (coração) habita o Prāna; e o Apāna habita na região do ânus”. O ar na região do ânus é Apāna, e Kandarpa Vāyu, conformemente, é uma parte de Apāna Vāyu 126. Também é dito que 127 “Apāna puxa o Prāna, e o Prāna puxa o Apāna – tal como um falcão preso por uma corda é puxado para trás novamente quando tenta voar; estes dois, por sua discordância, impedem um ao outro de deixarem o corpo, mas quando em acordo, eles o deixam”.
Os dois Vāyus, Prāna e Apāna, vão por diferentes caminhos, puxando um ao outro; e nenhum dos dois, portanto, pode deixar o corpo, mas quando os dois entram em acordo – ou seja, vão na mesma direção – então eles deixam o corpo. kandarpa Vāyu, sendo uma parte de Apāna, também puxa Prāna Vāyu, e impede o último de escapar do corpo; daí, Kandarpa Vāyu é o Senhor da Vida.
No verso 10 o Autor descreve Kundalinī como “Aquela que mantém todos os seres do mundo pela Inspiração e pela Expiração 128”. Ele mesmo disse que o Prāna e o Apāna são os mantenedores dos seres animados.


VERSO 9
Dentro dele (do triângulo) está Svayambhu 129 em sua forma de Linga 130, belo como ouro fundido, com Sua cabeça para baixo. Ele é revelado pelo Conhecimento 131 e a Meditação 132, e tem o contorno e a cor de uma folha nova. Como os raios frios do relâmpago e da lua cheia charmosa, assim é a Sua beleza. O Deva que reside alegremente aqui como em Kāshī é semelhante à forma de um vórtice 133.

COMENTÁRIO
Neste verso ele fala da presença de Svayambhulinga no triângulo.
“Svayambhu em sua forma de Linga” (Linga-rūpī svayambhu) – ou seja, aqui habita o Shivanlinga, cujo nome é Svayambhu.
“Belo como ouro derretido” (Druta-kanaka-kalā-komala). – Seu corpo tem o brilho suave do ouro derretido.
“Sua cabeça para baixo” (Pashchimāsya). – Cf. Kālī-kulāmrita: “Lá é o local do grande Linga Svayambhu, que é sempre bem-aventurança, sua cabeça para baixo, ativo quando movido do Kāma Bīja”.
“Revelado pelo Conhecimento e pela Meditação” (Jnāna-dhyānaprakāsha). – Cuja existência é apreendida por nós, pelo Conhecimento (Jnāna) e pela Meditação (Dhyāna). Por Jnāna realizamos o sem atributos, e por Dhyāna o com atributos (de Brahman). Tal é o Svayambhu.
126 – Vāyu aqui é um nome para uma manifestação do Prāna, um dos cinco mais importantes de tais manifestações, sendo Prāna, Apāna, Samāna, Vyāna e Udāna. Veja Introdução.
127 – Esta é uma passagem frequentemente repetida (Shāktānanda, pagina 5).
128 – A respiração Inspirada e Expirada é o Hamsah.
129 – “Auto-originado”, “auto-existente”, o Shiva Linga daquele nome.
130 – Como o falo humano.
131 – Jnāna.
132 – Dhyāna.
133 – Isto se refere à depressão no topo do Linga.
“O formato e a cor de folhas novas” (Prathama-kishalayākāra rūpa). – Por isto é conveniente a ideia de que a forma do Svayambhulinga é cônico como um broto de folha fechado. Como o pistilo dentro da flor Champaka, é largo na base e afunilado na extremidade finaç; isto também mostra que o Svayambhu-linga é da cor verde-azulada (Shyāma).
Cf. Shāktānanda-taranginī: “Oh, Maheshāni, medite no (dentro do triângulo) Svayambhulinga, que mantém sua cabeça com uma abertura para baixo – o belo e verde azulado Shiva (Shivam Shyāmala-sundaram)”.
No Yāmala ocorre a seguinte passagem: “Medite no muito belo triângulo celestial (Trikona) no Mūlādhāra; dentro de suas três linhas está Kundalī, charmosa como dez milhões de brilhos de relâmpagos nas nuvens azul escuras 134”.
Esta passagem, que descreve Kundalī como “relâmpago nas nuvens azuis escuras”, mostra que o Svayambhulinga também é azul; mas Nīla (azul) e Shyāma (verde escuro) pertencem a mesma categoria, e daí não há contradição.
“Como raios frios de relâmpagos e da lua cheia charmosa, assim é a Sua beleza” (Vidyut-pūrnēndu-bimba-prakarakara 135-chayasnighasantānahāsī). Como a luz forte da lua e do relâmpago não emitem calor, assim é a luz que emana do Svayambhulinga, fria e agradável, trazendo alegria nos corações dos homens.
“O Deva que mora alegremente aqui como em Kāshī” 136 (Kāshīvāsīvilāsī) – Kāshī é o local sagrado para Shiva, sua morada favorita. Por estes dois adjetivos, implica que o Svayambhu no Ᾱdhāra Lótus é feliz como Ele em Sua forma de Vishveshvara no Kāshī, e Ele está como que agradado por estar tanto aqui quanto em Kāshī. “Vilāsī” também pode significar amoroso porque está dito acima, “movido por Kāma Bīja”. Vilāsī é indicativo de Seu Domínio do Universo 137.
“Como um vórtice” (Sarid-āvarta-rūpa-prakāra). – A água girando em sua borda externa, cria uma depressão no meio, e o centro daí é levantado como a forma de uma concha 138.
Este Svayambhu está colocado no Kāma-bīja. Isto foi dito no Kālī-Kulāmrita: “Rodeado por filamentos do lótus está o Shringāta 139 e sobre ele está o belo Mhālinga Svayambhu, com sua abertura no topo, sempre feliz, mantendo sua cabeça para baixo, e ativo quando movido pelo Kāma-bīja”.
Em outro lugar, o seguinte ocorre: “Lá, no pericarpo, está a mencionada morada de Dākinī, e o triângulo (Trikona) dentro do qual tem uma pequena abertura e o Kāma-bīja vermelho. Lá também está o Svayambhu Linga, sua cabeça voltada para baixo e de uma coloração vermelha”. Isto é, contudo, um conceito diferente.
134 – Nīla.
135 – Vishvanātha para Kara (raio) lê Rasa – ou seja, o néctar fluindo da Lua.
136 – Benares ou Bāranāsī.
137 – O Universo é Seu Vilāsa ou Līla.
138 – Shankara diz que ele é assim descrito por causa de seu movimento inquieto.
139 – A triangular piramidal sede de Kāmā.


VERSO 10 E 11 140
Sobre ele 141 brilha a Kundalinī adormecida, fina como a fibra do caule de lótus. Ela é a desorientadora 142 do mundo, gentilmente cobrindo a boca de Brahma-dvāra 143 com a Sua própria. Semelhante à espiral da casca da concha, Sua forma como serpente reluzente faz três voltas e meia em torno de Shiva 144, e Seu brilho é como aquele lampejo de um forte e jovem relâmpago. Seu doce murmúrio é como o zumbido indistinto de exames de abelhas apaixonadas 145. Ela produz poesias melodiosas e Bandha 146, e todas as outras composições em prosa ou verso em sequencia ou de outro modo 147 no Sanskrita, Prākrita e outras linguagens. É Ela quem mantem todos os seres do mundo por meio da inspiração e da expiração 148, e brilha na cavidade da raiz (Mūla) Lótus como uma cadeia de luzes brilhantes.


COMENTÁRIO
Nestes dois versos o autor fala da presença de Kundalinī Shakti no Svayambhu Linga. (É a Devi Kundalinī que mantém a existência dos seres vivos (Jīva, Jīvātmā) pelas funções da inspiração e da expiração. Ela os coloca em corpos individuais. Ela produz o som sussurrante que lembra aquele do enxame de abelhas, e é a fonte do Discurso e Ela, como descrito abaixo, habita na cavidade triangular no pericarpo do Mūlādhāra Lótus, repousando sobre o Svayambhu Linga.
“Brilho agradável como as fibras do caule do lótus” (Bisa-tantusodaralasat-sūkshmā) – ou seja, Ela é agradável como a fibra do caule do lótus.
“Desorientadora do Mundo” (Jagan-moghinī) – ou seja, Ela é Māyā neste mundo.
“Gentilmente” 149 – Madhuram.
“A boca de Brahma-dvāra” (Brahma-dvāra-mukha) – a cavidade da cabeça de Svayambhu Linga.
“Um forte lampejo de um jovem relâmpago” (Navīna-chapalā-mālāvilāsāspadā) – Literalmente, “possuído de riqueza de um lampejo forte de um jovem relâmpago”. Na juventude todas as coisas e pessoas mostram as qualidades características em um estado de perfeição vigorosa. Daí, um “lampejo jovem de relâmpago” significa um lampejo forte.
140 – Shankara, ao contrário de Kālīcharana, anotou os dois versos separadamente.
141 – Svayambhu Linga – ou seja, Ele volta com seu corpo e O cobre com Sua cabeça.
142 – Kundalinī é a Shakti por meio do qual o mundo Māyik existe, em repouso. No Kūrma Purāna Shiva diz: “Esta Suprema Shakti está em mim, e é Brahman em Si mesma. Esta Māyā é querida para mim, pelo qual este mundo é confundido”. A partir daí, a Devī no Lalitā é chamada de Sarvamohinī” (toda-desorientadora).
143 – Veja Comentário.
144 – Shivopari.
145 – Vishvanātha diz que Ela faz este som quando desperta. De acordo com Shankara, isto indica a Vaikharī estado de Kundalinī.
146 – É uma classe de composição literária no qual o verso é arranjado na forma de um diagrama, ou pintura.
147 – Bhedakrama e Atibhedakrama.
148 – Vishvanātha cita Dakshināmūrti como declarando que durante o dia e a noite o homem respira de dentro para fora 21.600 vezes, tomando tanto a expiração quanto a inspiração como unidade. Veja Introdução.
149 – Madhuram: isto é usado como um adjetivo, de acordo com Shankara, e significa doce. Ele diz que Ela é o néctar ingerido pelo Brahmadvāra; como néctar está vindo através dela, o Brahmadvāra é doce.
“Ela produz poesias melodiosas etc”. (Komalakāvya-banda-rachanā-bhedātibheda-krama). – Isto mostra o modo no qual as palavras são produzidas. A musica suave produzida por uma combinação de palavras suaves e melodiosas descrevem a beleza, a virtude etc., em todas as suas modulações, resultando da perfeição da composição e a regularidade e a irregularidade na disposição das palavras. Por Bandha deve-se, aqui, entender a composição poética e pictórica em prosa ou em verso, arranjado como um lótus (Padmabandha), um cavalo (Ashvabandha) e assim por diante; e por Atibheda o autor faz referência a todas as palavras em Sanskrita e Prākrita. Pelo uso da palavra “ordem, sequencia”, o autor enfatiza o fato de que estas composições e palavras saem da ordem estabelecida nos Shāstras. Kundalinī produz, tanto ao acaso quanto em formas definidas. Kundalinī produz palavras, Sanskrita, e Prākrita, distintas e indistintas. Ela é a fonte pelo qual todos os sons são emanados.
Cf. Shāradā 150: “Com a ruptura (revelação) do supremo Bindu, surgiu o Som 151 imanifesto (Avyakta-rava). Ele assumiu a forma de Kundalī nos seres viventes, e manifesta-Se em prosa e verso com o auxílio das letras do Alfabeto (literalmente, a essência das letras)”.
Por “prosa e verso” todas as formas do discurso são realizadas.
Ele disse distintamente no Kādimata 152: “Pela ação do Ichchhā-Shakti do Atmā agindo sobre o Prāna-vāyu é produzido lá no Mūlādhāra o excelente Nāda (Som) chamado Parā 153. Em seu movimento ascendente ele é levado para cima e abrindo no Svādhishthāna 154, ele recebe o nome de Pashyantī; e novamente, gentilmente, levado como acima mencionado, ele se une no Anāhata com Buddhi-tattva e passa a ser chamado Madhyamā. Indo novamente para cima, ele alcança agora o Vishuddha na garganta, onde recebe passa a ser chamado de Vaikharī; e de lá ele vai para a cabeça, (parte superior da garganta, o palato, lábios, dentes). Ele também se propaga sobre a língua, da raiz à ponta, e a ponta do nariz; e, permanecendo na garganta, no palato e nos lábios, produz pela garganta e pelos lábios as letras do Alfabeto, de A à Ksha 155”.
É necessário citar mais.
Em outro lugar, Kundalinī foi descrita assim: “Meditar na Devī Kundalinī, que envolve o Svayambh-Linga, que é Shyāma e sutil, quem é a própria Criação 156, no qual está a criação, a existência e a dissolução 157, que está além do universo 158, e é a própria consciência 159. Pense Nela como a Única que vai para cima 160”.
150 – Capítulo 1, segunda linha de verso 11 e do verso 14, os versos intermediários são omitidos. Estes seguem-se assim: “Aquele som é chamado, por aqueles versados nos Ᾱgamas, Shabdabrahman. Alguns professores definem Shabdabrahman como Shabdārtha, outros (os gramáticos) o definem como Shabda; mas nem um em outro está correto, porque tanto Shabda quanto Shabdārtha são Jada (coisas inconsciente)”. O Ᾱgama no texto é Shruti; Rāghava cita Shankarāchārya no prapanchasara, que fala do homem versado no Shruti. Chaitanya é o Brahman considerado como a essência de todos os seres – ou seja, Chit e Shakti, ou Chit em manifestação.
151 – Ou seja, o Princípio, ou Causa do Som. Veja a Introdução.
152 – Tantrarāja (Volumes VIII e XII, Textos Tāntricos), Capítulo XXVI, versos 5 a 9.
153 – Nas paginas 120 a 122, Volume II, Textos Tāntricos, Vishvanātha fala de Parā, Pashyantī e as outras Shaktis. A forma do Nāda, diz o Manoramā, deve ser conhecida do Guru. Este Ichchhā-Shakti é Kālamayī.
154 – Pashyantī é, algumas vezes, associada com Manipūra. Veja Introdução.
155 – O sentido disto, diz o Manoramā, é que Nāda, o qual tem quatro estágios (Avasthāchatushtyātmaka), depois de passar através dos diferentes centros mencionados no Texto, assume a forma das 51 letras.
156 – Srishtirūpā.
157 – Srishti-stithi-layātmikā.
158 – Vishvātītā. Ela não somente é imanente, mas também transcendo o universo.
159 – Jnāna-rūpā.
160 – Ūrddhvavāhinī, pois Kundalinī ascende ao Sahasrāra.
Também: “Meditar na Devī Kundalinī como seu Ishtadevatā 161, como sendo sempre na forma de uma donzela de dezesseis anos na plena floração de sua primeira juventude, com grande e belos seios formados, coberta com todas as variadas espécies de joias, brilhosa como a lua cheia, vermelha na cor, com olhos sempre inquietos 162”.
“Vermelho (Raktā) como em relação a Sundarī”, assim diz o Autor do Shāktānanda-taranginī. Kundalinī, como uma questão, de fato, deve sempre ser meditada como da cor vermelha (Raktā) 163.
Shyāmā (que normalmente significa “cor”) aqui significa alguma coisa diferente. Em todos os Tantras e todas as coleções Tāntricas, Kundalinī é descrita como semelhante ao relâmpago. “Shyāmā é o nome dado a uma mulher que está quente no inverno e fria no verão, e o brilho de ouro fundido 164”. Isto é o que significa aqui, e não a cor em si. Assim, a aparente discrepância é removida.
O Tantra Kankāla-mālinī descreve Kundalinī no Brahmadvāra, e diante da perfuração dos Chakras, assim: “Ela, o Brahman em Si mesma, resplandecente como milhões de luas surgindo ao mesmo tempo, tem quatro braços e três olhos. Suas mãos fazem os gestos 165 de conceder bênçãos e de dispersar o medo, e seguram um livro e um Vīnā 166. Ela está sentada sobre um leão, e conforme ela vai para a sua própria morada 167 a Única imponente (Bhīmā) assume diferentes formas”.
161 – Ishta-deva-svarūpinī. O Ishtadevatā é o Devatā especial de adoração do Sādhaka.
162 – Estes nas mulheres indicam a natureza apaixonada.
163 – O Shāktānanda-taranginī diz: Ela deve somente ser meditada como vermelha quando o objeto da adoração for Tripurā. O texto também pode ser lido como indicando que “vermelho” é um atributo aplicável a Shrī Sundarī – ou seja, a Devī Tripurasundarī.
164 – Esta é a citação de Alankara Shāstra (Retórico).
165 – Ou seja, os Mudrās Vara e Abhaya; v. ante, pgs 19 e 20.
166 – O instrumento musical deste nome.
167 – O Mūlādhāra.


VERSO 12
Nela 168 reina dominante o Parā 169, a Shrī Parameshvarī, a Despertadora do conhecimento eterno. Ela é a Kalā 170 Onipotente que é maravilhosamente apta para criar, e é mais sutil do que a sutileza. Ela é o receptáculo daquele córrego contínuo de ambrosia que flui da Eterna Bem-aventurança. Por sua radiância é que o todo deste Universo e deste Caldeirão 171 é iluminado.

COMENTÁRIO
Agora ele está falando de Parā Shakti como uma vara, que é como um fio esticado acima de Kundalinī, que está enroscada em torno do Svayambhu-Linga. A Shrī Parameshvarī, cuja radiância ilumina este Universo 172 e seu caldeirão, habita no Svayambhu-Linga acima onde Kundalinī está enrolada e reina suprema.
“Onipotente” (Paramā). – Ela é Māyā, quem é apta para o que é impossível 173.
“Kalā” é uma forma de Nāda Shakti (Kalā Nāda-shakti-rūpā); e é separada de Kundalinī 174.
O Shāktānanda-taranginī diz: “Kalā é Kundalinī, e a Ela, Shiva disse, é Nāda-shakti 175”.
E também foi dito em outro lugar: “Acima, meditando em sua mente sobre Chitkalā, unido com Ῑ (Lakshmī), que é de forma afiada como a chama de uma lâmpada, e que é uma com Kundalī”.
Cf. Kālikā-Shruti: “O homem se torna livre de todos os pecados ao meditar em Kundalinī como dentro, acima e abaixo da chama, como Brahmā, como Shiva, como Sūra 176, e como Parameshvara em Si mesmo; como Vishnu, como Prāna, como Kālāgni 177, e como Chandra 178”.
Por “dentro da chama”, deve-se compreender o excelente Kāla (= Nāda-rūpā) acima das três voltas de Kundalinī. Isto é o que foi dito pelo autor deste Lalitārahasya.
“Ela (Parā) é maravilhosamente hábil para criar” (Ati-kushala) – ou seja, Ela é quem possui a maravilhosa habilidade e poder da criação.
168 – Svayambhulinga, entorno do qual Kundalī está enrolada.
169 – De acordo com Shankara, Parā é Kundalinī. Ela é chamada de Brahmānī por Vishvanātha que cita o Svahchhandasangraha. Em Kundalinī está o estado de Parā de Shabda.
170 – Vide post.
171 – Katāha – ou seja, a metade inferior do Brahmānda e, como tal, em forma de caldeirão.
172 – Brahmānda – ovo de Brahmā.
173 – Assim a Devī Purāna (Capítulo XLV), falando do poder do Supremo, diz:
Vichitra-kāryakāranā chintitātiphalapradā
Svapnendrajālaval loke māyā tena prakīrtitā.
Paramā pode também significar Param mīyate anayā iti Paramā – ou seja, Ela por quem o Supremo “é medido”, no sentido (pois o Supremo é imensurável) de que ela que é uma com o Supremo, é atividade formadora. Veja Introdução. Vishvanātha, citando um Tantra inominado, diz que este Māyā está dentro de Kundalinī, e este Paramā é Paramātmasvarūpā.
174 – Kundalinyabheda-sharīrinī.
175 – Nāda-shakti = Shakti como Nāda. Veja Introdução.
176 – Sūra = Sūrya, ou Sol.
177 – O fogo que destrói todas as coisas no momento da dissolução (pralaya).
178 – Lua.
“Ela é o receptáculo daquela corrente contínua de ambrosia fluindo da Eterna Bem-aventurança (Brahman)” (Nityānanda-paramparātivigalat-pīyūsha-dhārā-dharā). – Por Eterna Bem-aventurança (Nityānanda) devemos entender o Nirguna, ou Brahman sem atributos. Parampara significa “ligado passo a passo”. De Nityānanda, que é Nirguna Brahman, lá surge (em Seu aspecto como) Saguna Brahman; de Saguna Brahman, Shakti; de Shakti, Nāda; de Nāda, Bindu; e de Bindu, Kundalinī 179. Chit-kalā é outra forma de Kundalinī. É assim que a ambrosia vem passo a passo até Parameshvarī, o Chitkala. Ela é Nityānandaparamparā – ou seja, Ela pertence à cadeia de emanação de Nityānanda para baixo; e Ela é Ativigalat-pīyūshadhārādharā – ou seja, Ela é o receptáculo da corrente de ambrosia que flui copiosamente de Nityānanda 180.
Esta palavra composta pode ser interpretada como significando que Ela mantém o fluxo copioso de ambrosia, decorrente de sua união com o Brahman. A partir de Nityānanda este néctar vem para o Para-Bindu, e passa através do Ajnā Chakra, Vishuddha Chakra etc., até alcançar o Mūlādhāra, e este néctar é aquele do qual Ela é o receptáculo. A interpretação é esta, o mundo inteiro é interpretado como um.


VERSO 13
Meditando dessa forma Nela, que brilha dentro do Mūla Chakra, com o brilho de dez milhões de Sóis, um homem se torna Senhor do discurso e Rei dentre os homens, e um Adepto em todos os tipos de instrução. Ele se torna sempre livre de todas as doenças, e seu Espírito mais íntimo se torna pleno de grande alegria. Puro de disposição por suas palavras profundas e musicais, ele serve aos mais excelentes dos Devas 181.


COMENTÁRIO
Neste verso o Autor fala do benefício derivado da meditação em Kundalinī. Por Mūla Chakra devemos entender o Mūlādhāra. “Ele é a raiz dos seis Chakras – daí o seu nome”.
“Dentro” (Mūla-chakrāntara-vivara-lasat-koti-sūrya-prakāsham). Ela brilha no Mūlādhāra Chakra como dez milhos de Sóis brilhando ao mesmo tempo.
“Suas palavras profundas e musicais” (Vākyaih kāvya-parabandhaih) – Seu discurso é musical e cheio de significados, como nas composições poéticas.
“Ele serve” (Sevate) 182. – ele usa suas palavras em hinos de louvor e para propósitos de natureza semelhante. Ele agrada pelas palavras de adoração.
“Todos os mais excelentes dos Devas” (Sakala-sura-gurūn). – A palavra Guru aqui significa excelente, e o Autor por Sura-gurūn interpreta como Brahmā, Vishnu e Shiva, os Devas principais. Amara diz que “adicionando as palavras Singha (leão), Shārdūla (tigre), Nāga (serpente) etc., ao nome masculino, implica em excelência”.
179 – Veja Introdução.
180 – Ou seja, se a palavra composta for lida em duas seções – ou seja, Nityānanda-paramparā e, em seguida, separadamente, Ativigalatpīyūshadhārā. A tradução adotada no texto é aquele que é referida no paragrafo que segue.
181 – Ou seja, Brahmā, Vishnu e Shiva etc.
182 – Ou seja, por sua maestria sobre as palavras, ele se torna como Brihaspati, Guru dos Devas (Shankara).


RESUMO
O Mūlādhāra é o Lótus de quatro pétalas. As pétalas são vermelhas e têm as letras Va, Sha (palatal), Sha (cerebal), Sa, nas cores do ouro. No pericarpo está o quadrado Dharāmandala rodeado por oito lanças, e dentro dele e na parte inferior está o Dharā-bīja 183 que tem quatro braços e está sentado sobre o elefante Airāvata. Ele é amarelo e segura o raio 184 em suas mãos. Dentro do Bindu do Dharā-bīja esta o Filho Brahmā, que é vermelho em cor, e tem quatro mãos com as quais ele segura a vara 185, a cabaça 186, o rosário de Rudrāksha, e faz o gesto que dissipa o medo 187. Ele tem quatro faces. No pericarpo tem um lótus vermelho que é governado pela Divindade do Chakra (Chakrādhishthātrī), a Shakti Dākinī. Ela é vermelha e tem quatro braços, e em suas mãos estão o Shūla 188, o Khatvānga 189, o Khadga 190 e o Chashaka 191. No pericarpo também existe o triângulo semelhante ao trovão, dentro do qual está o Kāma-vāyu e o Kāma-bīja 192, ambos da cor vermelha. Acima disto está o Svayambhu Linga, que é Shyāma-varna 193, e acima e enroscada neste Linga está Kundalinī, enrolada três voltas e meia, e acima disto, apoiado por último, no topo do Linga, está Chit-kalā 194.
(Aqui termina a primeira seção) 195

Retirado do Shat Cakra Niraapana – Arthur Avalon (SIR JOHN WOODROFFE)

Postado por Fr Gemini 21.’.